terça-feira, 4 de março de 2008

Histórico







Como tudo começou... o ponto de origem! A VERDADEIRA história do
Projeto Integrando Gerações "Informática na Terceira Idade"


No início do ano de 2001, a escola onde o projeto fora idealizado e onde o autor prestou serviços como professor, com vínculos empregatícios e de voluntariado, por mais de doze anos, no município de Campo Grande/MS, foi contatada pelas assistentes sociais do Fundo de Apoio à Comunidade (FAC), órgão vinculado à Prefeitura Municipal para fazer parte de um programa de atendimento aos idosos do Centro de Convivência do Idoso , com a finalidade de estabelecer uma parceria na área sócio-educacional, haja vista que a Secretaria Municipal de Assistência Social (SAS), articulava ações convidando várias organizações do setor privado para esse propósito.

Através da Coordenação Pedagógica de Ensino Fundamental de 5ª a 7ª série (atual 6º ao 8º ano), com o aval da direção, deu-se uma série de reuniões com os representantes das instituições.

Na ocasião, sem saber ao certo como seria viabilizada a parceria, a princípio comentava-se apenas sobre o oferecimento de um curso de alfabetização para idosos, assim mesmo a parceria fora então efetivada, ou seja, entre a escola e aquele núcleo da Prefeitura Municipal.

Algum tempo se passou, já era meados do ano de 2001 e, o referido curso de alfabetização não fora concretizado devido a falta de voluntários.

Mas, em razão da parceria ter sido estabelecida, a coordenadora me propôs, enquanto professor de informática, se aceitaria, em caráter voluntário, engajar-me como um dos colaboradores no programa da Prefeitura.

Mediante resposta afirmativa, pois eu sempre demonstrara interesse em fazer algo para essa parcela da sociedade - os idosos e, coincidência ou não, estávamos em pleno Ano Internacional do Voluntariado (2001, ONU).

Então foi solicitado para que eu elaborasse um projeto e um plano de aula, na minha área de atuação, a Informática, para apresentá-lo à direção da escola. Fui informado que, como o curso de alfabetização não dera certo e, a parceria entre a escola e o poder público municipal deveria acontecer de alguma forma e que, se dessa vez, com essa nova experiência, o oferecimento voluntário de aulas de informática, caso desse certo, os professores seriam convidados para também “abraçar” outros desafios ao longo do programa para incrementar a parceria com outras atividades.

Elaborada a idéia original, acreditando na importância do afeto, da orientação, da formação de valores, da interação entre todos para a formação de pessoas mais humanizadas, críticas e conseqüentemente, mais autônomas e, sempre preocupado e antenado com o atual contexto tecnológico e mais ainda com o expressivo número de pessoas alheias ao mundo “high-tech” – os idosos – eu planejei e desenvolvi um projeto, com uma metodologia especial e inovadora, que consistia em promover a integração da juventude – os alunos da escola – com as pessoas mais experientes, os indivíduos que congregam a Terceira Idade ou Melhor Idade, utilizando a Informática como meio.

Realmente se tratava de algo inteiramente novo para mim, era pioneirismo puro, pois eu não tinha experiência com o ensino da informática com as pessoas da terceira idade. Era realmente um grande desafio para mim em todos os sentidos.

A partir daí, após ter aceito encarar essa experiência, aconteceram algumas reuniões e contatos entre mim e a coordenação de ensino com as assistentes sociais do Centro de Convivência do Idoso a fim de que eu pudesse obter informações mais precisas acerca do público que faria parte desse novo desafio, a terceira idade.

De posse das informações de que precisava tudo ficou muito mais fácil. Eu precisava, de alguma forma, articular a fórmula, que atualmente se constitui no brilhantismo e ação principal do projeto: onde os jovens, exclusivamente, todos alunos da escola, levando em consideração as limitações orgânicas e cognitivas da pessoa idosa, oferecessem um suporte para sanar instantâneamente as suas dúvidas em relação à Informática, sob o meu acompanhamento, orientação e supervisão. E, por sua vez, os idosos teriam um papel fundamental que seria o de colaborar na formação, transmissão, ensino e resgate de valores éticos e morais aos seus monitores, cabendo-lhes à sua parte, o trabalhar dessas e outras questões de cunho cultural e folclórico, bem como atividades artesanais tão esquecidas ultimamente.

Para que se alcançassem os objetivos e progresso pretendidos, os monitores deveriam receber capacitação e treinamento para lidar com os idosos, que poderiam ser oferecidos pelo próprio professor de informática, mediante as informações obtidas, bem como pelo acompanhamento das assistentes sociais durante as aulas do projeto.

Enfim, com o esboço do projeto na forma escrita, apresentei-o à coordenadora pedagógica da época, que leu e questionou alguns pontos, o que prontamente fora-lhe explanado. Era notório o orgulho e entusiasmo que ela demonstrava, pois o projeto contemplava a grande inovação: os alunos, em sua maioria pré-adolescentes e os demais, adolescentes, seriam os protagonistas no pioneirismo de dar aulas de informática para pessoas mais experientes do que eles. Assim sendo o projeto teve a sua pré-aprovação e então encaminhado à direção da instituição para que tomasse ciência, analisasse e o aprovasse efetivamente.

Após uma criteriosa análise e ponderações a respeito dos objetivos e metodologias a serem adotadas, o projeto fora aprovado, com louvor, também pela direção da escola, a partir daí iniciou-se o processo de implantação, junto com a coordenação pedagógica.

De uma forma geral, valorizando as experiências adquiridas em sala de aula, sistematizando-as, estabelecendo relações e propiciando situações desafiadoras, com o intuito de construir novos saberes, oferecendo, ainda, subsídios às demais áreas do conhecimento, pautando-se sempre na relação entre teoria e prática como principal metodologia surgiu, ainda de forma embrionária, o Projeto Integrando Gerações “Informática na Terceira Idade”, cuja idéia central seria convidar os jovens alunos da disciplina de informática que, exercendo a função de monitores (mini-docentes), os quais detém, inegavelmente, certo domínio dessa área, para compartilhar dos seus conhecimentos e das suas experiências de vida frente ao computador com as pessoas que congregam a Terceira Idade de nossa comunidade.

Por se tratar de um programa pioneiro, não havendo portanto nenhum modelo sendo executado nesses moldes e que se assemelhe com esse, para que eu pudesse tomar como base, um único pensamento me orientava: “precisava envolver os estudantes da escola, mas não podería fazer "laboratório" com as pessoas da terceira idade, pois em vez de resolver um problema, podería estar causando um outro: o aumento da densidade e da espessura da barreira tecnológica em que se encontram os membros da terceira idade em relação ao mundo moderno”.

Para isso foi necessário promover várias pesquisas sobre o mundo dos idosos, e alguns encontros extra-escola, entre o idealizador e os jovens para a realização de um breve ”workshop” a fim de oferecer um treinamento de capacitação para que eles não se sentissem tímidos e receosos, mas seguros e firmes juntos ao idosos, haja vista que desenvolveriam a função de orientadores, devendo para isso transmitir além do conhecimento que possuiam, também, muita segurança e seriedade no desempenho do ofício.

Teriam a oportunidade de serem voluntários juvenis, uma das funções mais nobres que existe na atualidade, pois não haveria troca mercantilista, apenas o “doar-se”. Daria início, portanto, a construção de um dos principais pilares que sustentam até hoje o projeto: o voluntariado juvenil.

Com muita determinação, busquei formas que pudessem fazer com que os jovens e idosos pudessem ser bem-sucedidos no processo de ensino-aprendizagem e na troca de experiências entre si, fazer acontecer de fato a "integração de gerações", cada qual com o seu papel definido e, com a adoção e aplicação de mecanismos especifícos desenvolvidos para o projeto.

Trata-se de uma metodologia especialmente elaborada e planejada, com a previsão de vários cuidados, em razão disso, na fase de concepção do projeto, os jovens não tiveram nenhuma participação de início colaborando com sugestões e opiniões à respeito, era tudo muito novo para eles também, sem falar do preconceito “não aparente” que tinham para com essas pessoas, os idosos.

Ainda hoje, por várias vezes, algum jovem que não está ligado ao projeto, mas se sente atraído e curioso sobre a experiência com os idosos, questiona: Ainda são capazes de aprender alguma coisa? O computador não está mais para os jovens do que para os “velhos”? O que eles (os idosos) ainda podem contribuir, não já fizeram o que haveria de ser feito? Professor, você não acha que está perdendo o seu tempo com algo sem futuro? Além de outras afirmações preconceituosas, como: O progresso e o futuro do País pertencem aos jovens? Eles tem é que jogar bingo, viajar, fazer crochê...

Esses e outros questionamentos e posições são respondidos com outras perguntas: E os direitos dos idosos onde ficam? Você já ouviu falar em Estatuto do Idoso? Amor ao próximo? Você não acha que se ganharia mais tempo nos supermercados, nos bancos e em outras repartições se os idosos fossem capacitados na lida com as máquinas modernas? Você sabia que num futuro breve os idosos serão maioria também? E ainda: O futuro veio para todos e não somente para apenas uma faixa etária... Ora, se assim fosse, por que é tão grande o número de idosos interessados em participar do projeto? Você sabia que existem sites e outros ambientes na internet específicos para a terceira idade?

Em 2008 o Projeto Integrando Gerações "Informática na Terceira Idade" chega a sua 8ª edição, provando que essas perguntas e posições preconceituosas são perfeitamente extinguíveis, pois são mais de 310 idosos formados e mais de 300 jovens voluntários conscientes. Além disso o projeto vem colecionando para si e para a instituição onde ele é desenolvido, várias conquistas, como se pode presenciar e constatar nesse blog, ele foi, é e continuará sendo um verdadeiro sucesso.

O meu convite é para que explorem cada página desse site, minunciosamente, e faça uma reflexão sobre o sucesso que vem sendo essa tecnologia social. Não há nada semelhante no Brasil. Se uma instituição conseguiu fazer tudo isso, imaginem várias instituições trabalhando essa causa. Ajudem-me a fazer esse sonho realidade!

Muito obrigado,

Francesco Edson Nogueira


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